quinta-feira, 19 de março de 2009

Analogia - Escrito em 2006-09-19 11:16:05

“…e olhei, e eis um cavalo branco; e o que estava sentado sobre ele tinha um arco; e foi-lhe dada uma coroa e saiu vitorioso, para vencer.”

Quando a 7 de Março de 1920, Joseph Ratzinger (Pai), um polícia rural, publicou num jornal católico Alemão um anúncio para encontrar cônjuge, estava longe de imaginar que essa sua missiva iria mudar o destino de todo o planeta.
“Funcionário médio do estado, solteiro, católico, de 43 anos, com direito a reforma, pretende celebrar casamento com uma rapariga católica, que saiba cozinhar e se possível costurar, com património” lia-se no jornal “Altoettinger Liebfrauenbote” (“Correio da nossa Senhora de Altotting”) – refira-se que se fosse no nosso tempo, muito dificilmente encontraria alguém com essas características dada a escassez de mulheres solteiras que saibam cozinhar, ou muito menos costurar. Mas esta que foi a sua segunda tentativa na imprensa, chamou a atenção de Maria Peitner, uma cozinheira, com quem acabou por casar nesse mesmo ano. Tiveram três filhos: Maria (nascida em 1921 e falecida em 1991), Georg (que agora conta com 82 anos) e Joseph Alois Ratzinger conhecido nos nossos dias como o Sumo Pontífice da Igreja Católica, Papa Bento XVI.
Sucessor de João Paulo II, e eleito Papa a 19 de Abril de 2005 numa das votações mais rápidas de sempre pelo colégio de cardeais – Só com quatro votações e a duração de apenas 22 horas -, adoptou o nome Bento XVI em homenagem ao italiano Giacomo della Chiesa, que como Papa Bento XV entre 1914 e 1922 tentou, sem sucesso, negociar a Paz na primeira guerra mundial, e a São Bento de Núrsia (483/547 D.C.), fundador da Ordem Beneditina e padroeiro da Europa (após as invasões bárbaras, os mosteiros de São Bento foram responsáveis pela manutenção da cultura latina e grega, e pela evangelização da Europa): a escolha do nome deste Santo leva a crer que uma das prioridades do Papado de Bento XVI será a "recristianização da Europa".
A 12 de Setembro de 2006 o Papa Bento XVI num discurso em Ratisbona, na Alemanha, citando um dialogo entre o imperador Bizantino Manuel II Paleólogo (1391) e um erudito persa, em que há criticas à actuação de Maomé (o Imperador desafiava o erudito a revelar coisas novas que se devesse a Maomé respondendo ele mesmo que só encontraria coisas “más e desumanas como ordem de difundir, através da espada, a fé predicada”), levou o mundo muçulmano a revoltar-se contra a igreja católica e a deixar extremamente preocupados os cristãos: igrejas queimadas, uma freira morta no Sudão e inúmeras manifestações, umas mais, outras menos violentas, têm marcado estes últimos dias. Mesmo após Bento XVI ter-se mostrado “vivamente entristecido” pela interpretação das suas declarações “que não exprimem de forma alguma o seu pensamento pessoal”, os países Islâmicos que integram o Concelho dos Direitos Humanos da ONU avisam que esta situação ameaça dividir os muçulmanos e o ocidente. Várias organizações muçulmanas de toda a Ásia expressaram o seu profundo mal-estar com as declarações de Bento XVI que consideram um insulto ao Islão e o seu profeta. A Malásia, que detém a presidência rotativa da Organização da Conferência Islâmica (OCI), qualificou de inadequada a explicação do Papa. Espera-nos mais violência, mais intolerância, maior dificuldade de comunicação e a um afastamento cada vez maior entre culturas que irá levar inevitavelmente a um confronto violento entre nações de onde não sairão vencedores: mas as vitimas serão aos milhares.
As palavras do chefe máximo da igreja católica foram mais uma “flecha” nas tensas relações entre Cristãos, Muçulmanos e Judeus. Um velho sábio disse-me um dia que a “vida trás tudo de novo e nada de novo”… e com razão! O ser humano ainda não aprendeu! O que se passa na actualidade é uma repetição análoga do que aconteceu à cerca de 2000 anos atrás – guerra declarada entre religiões e milhares de vitimas inocentes. Resta-nos esperar por mais um Salvador que dê inicio a uma nova era.

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